Assistente editor: Hugo de Aguiar

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O destino é uma bola de sabão

Parte I

Os factos estão todos escritos nos nossos genes. Não os modificamos, mas os revelamos em cada acto que realizamos. A prosaria popular chama-lhe destino, fado, momento de transição, tempo de reciclo ou de preparação para outra hipotética vida corpórea ou espirita.
Os séculos e os milénios rolam sobre os nossos cabelos esborrifados, a algazarra cada vez é mais afona, o homem aproxima-se do domesticando binómico, – numa face do cérebro rácio prosaico, a aceitação da superioridade "In fine" as armas estendidas no chão desenhando cruzes, na outra face. - A beatitude que os ventos constelares semeiam; e que as narinas piegas absorvem gulosamente, sem conhecerem a particularidade da propriedade digestiva dos referidos ventos universais.

"ainda a faísca fomentadora viaja no ovo da mulher
e já o indivíduo anunciado.. tem o caderno cheio de deveres
o evento físico ratifica a rima esdrúxula.. sem porquês.. nem sequer
e a copia lavada.. insinua o seu grito na mísera praça de haveres"

O antropónimo superior, crê-se imbuído do albedo universal. Desfaz-se no panegírico, para arredar o calor que o apoquenta. No intimo, recebe ondas que não sabe ler; e envia ondas que ninguém lê. A troca não é contratual mas esquizofrenia residual, cantada na causa surtida do seu destino condicionado com ramalhosas florestas de ofuscos.

"a aniquilação da resenha esbarra na duna
as letras de substituição são demoníacas
por omissão.. são substitutivo da lacuna
garantia de evitar o corroo das leis deificas"

"Deixem cair a borboleta.. no campo sem gladio.. liso como o primeiro cueiro da criança, surripiem a mortalha imunda de vermes; e queimem os infernos, por simpatia, os paraísos aparecerão mais acessíveis, menos onerosos à crista mística do homem. O alabastro vozeirão ribomba ainda nas alturas, o hino nupcial. O incesto evento marital subconsciente, desbota as aselhas da delicada criatura, a evolução movimenta-se para a subtracção, a celeste mão não se compadece da escravidão dogmática e, as assoalhadas prometidas ficam eternamente vagas"

O tempo, é sonho de voo que nasce da vontade de prudentes exílios, - ferrenha subalternidade - para longe das paradas cafurnas infectas, mesmo quando, "uma graça abrolha do bico dum pintassilgo, e o gorjeio é bem-soante, ou quando "as abelhas mensageiros das plantas, mestres jardineiros por instinto" lhes mostra um funcionamento, tudo, menos que caótico ou dúbio, porque individualidades viradas para o objectivo comum " o bem da espécie". O cultivo da adoração impede esta visão buliçosa de alguns elementos da cadeia evolutiva. O desprezo é enfeitado de miasmas doentes.

"na meiga ingenuidade do irracional
o tempo é um longe imediato
forjado no conceito.. matéria natural
o desinteresse interessa-se pelo facto"

O ser racional ciumenta a liberdade da besta, que, aliviada da cerebral contenda, patenteia a mais sofisticada organização social. O complico do homem é de estar nos píncaros da cadeia da evolução, por de cima apenas tem o divinal!... Suspiro abstracto.

O homem precisa de outros seres superiores, fora da cadeia do absoluto, mas dentro do seu sistema organizacional.

Aqui ou além, despontam vontades de sobreposição ao estado do homem ovelha, que apenas procura a sublevação para uma socialização secularmente recomeçada.

- Se esta vontade englobar os fantasmas doutrinais que vestem o ser passadiço, ela advém seita, que namorando uma fasquia do rebanho, não faz mais do que atarantar o todo; e esfaquear o bolo celestial. -
As vontades que imaginam um enxotar das filosofias mais que usadas, pensam refundi-las na consensual união, onde todas, inclusive as de teor filosófico físico-mental, possam convergir para o objectivo espiritual. O problema desses pensadores está nos profetas!...
Conceber uma filosofia global sem profetas, não será trabalho fácil. Outra das dificuldades, aparece no role flutuante do proselitismo e nos doutores de teologia. Uns e outros teriam que ser banidos para deixar ao mental, o livre arbítrio de iniciar; e, ou fazer evoluir a ideia dum criador universal. Com a abolição do bem e do mal dogmático, a serenidade voltaria, não para as raízes do animismo, mas para o bornal das identidades individuais, que se recusariam a fazer soma!... O sectarismo espreita e não se deixará levar assim à boa. As organizações dogmáticas, são tão poderosas e ricas em influência e em valores pecuniários, a imbricação com a sociedade civil e política é tão bem tecida!... Que ninguém sabe onde começa o fio; e acaba o novelo.

Montefrio

4 comentários:

Elaine Siderlí disse...

"O tempo, é sonho de voo que nasce da vontade de prudentes exílios,"

Magnífico!

Elaine Siderlí.

fernando oliveira disse...

é verdade que o tempo é isso, não somos nós que gastamos o tempo, mas este que nos gasta, na minha idade sou contra o tempo, um dia desfilarei sozinho, pedindo mais tempo..

obrigado amiga.

fernando

Carmen Diez disse...

Saludos Fernando, poco a poco ire visitando tus blogs, me tomare un curzo de lengua portuguesa, el frances ya lo entiendo y el mallorquin que esa a medio camino del frances y español, me hare unos cuantos blogs mas; pero me llevas mucha delantera, gracias por compartir, un abrazo!!!!

fernando oliveira disse...

Caríssima, é verdade que tenho vários blogs e diversos que exploram, não só as linguagens, como exercícios novos ou revisitados. No que respeita aos teus blogs que também são muitos e belos na arte gráfica, ficarei atento nas próximas visitas.

abraços

fernando